Se você espera deste texto uma descrição dos fatos que ocorreram no evento, pare de ler agora mesmo.
Se você espera saber das histórias e looks que circularam no lounge, ficará desapontado.
Caso procure fotos exclusivas com as aparições de celebridades, não encontrará em meus textos.
Entretanto tenho muito a falar sobre o que senti no evento.
O Caderno Donna da Zero Hora, juntamente com a equipe de marketing do Shopping Iguatemi tem se esforçado nos últimos anos para nos proporcionar um espaço onde circulam, ao vivo, modelos que só poderíamos juntos em fashion weeks do eixo Rio-Sampa. E o esforço é recompensado. A curadoria fez escolha competente dos representantes para passarela: do fast fashion de Renner e C&A, passando pela moda fácil da Colcci até o primor de Clô Orozco, com sua Huis Clos e André Lima. Não cito todos pois isso é exemplificação.
Contratar a competentíssima Erika Palomino para auxiliar na construção conceitual do evento foi uma escolha coerente e feliz. Quando chegava em casa e assistia reprise dos desfiles pela TVCom tinha a felicidade de ouvir a tranquilidade que a jornalista tem para seus comentários. Mariana Kalil agregou.
Como todos sabem boa parte dos desfiles seguem com aparições de celebridades globais para exaltar o apelo efêmero da moda que se cola na novidade, no fresco, para manter o business muito bem, obrigada.
Não tenho circulação freqüente nas faculdades de moda e design, mas arrisco-me a dizer que o que foi visto na passarela do lounge no projeto Next Generation com organização de Débora Tessler foi enriquecedor (com pequenas e bizarras exceções – como tudo na vida) para os olhos da comunidade.
Mas o que fica para mim dos dias do evento é o sentido de tudo. Se a Zero Hora e o Shopping tem tamanha capacidade de “escutar” o que deseja o povo fashion da cidade porque essa mesma população não pede outras coisas?
O Donna Fashion é rico ao demonstrar o que Porto Alegre quer vestir e como quer vestir. A styling do Renner, por exemplo é sempre divertido e muito semelhante ao que se vê nas ruas da cidade. Os gritinhos histéricos da platéia ao ver Carlos Casagrande na passarela é tão coerente com a disputa por foto de celular com outras celebridades em eventos “não-fashion”. É só ver a quantidade de sites de “clicadas” em festas que se proliferam; fora os próprios jornais que aumentam suas páginas com fotos de “bonitos” na noite.
Porto Alegre é isso aí. Minha cidade não é mais nem menos do que cópia de editoriais de revista Cláudia e mocinha da novela das 20h (que nem mais às 20h é). Eu sei, dirão que sou pessimista. Me acho muito niilista. C’est la vie. Não vamos romantizar.
Minha questão é saber se um dia o slogan da Modamanifesto vai ficar obsoleto. “Moda além do óbvio” é algo para poucos sim. Pensar que moda é business e por isso precisamos de uma fashion week como quer ser o Donna Fashion é coerência. Entretanto a população pedir sempre por uma construção voltada a absorver somente o que vem do eixo Rio-Sampa é cansativo.
Particularmente me divirto muito nesses eventos. É oportunidade de ver colegas, sentir com os olhos o caimento de peças de Tufi Duek, tietar Clô Orozco (ela não precisa me aguentar, mas eu não resisti), poder assistir um desfile primoroso como da Kavietz (que na minha opinião deveria chegar rapidamente à passarela principal).
Clamo por ter permanentemente nas passarelas do evento: Greice Antes, Helen Rödel, Karen Raissa, Lili Má, À La Pucha e OH Moça. Alguns outros também (moda vintage vribra em Poá: porque não?). Mas o importante é lembrar que além do óbvio é um lugar longínquo para o consumidor de moda gaúcho.
Puxa vida, falou TUDO!
ResponderExcluirÉ a primeira vez na vida que vejo alguém falar a verdade sobre o Donna Fashion!
Obrigada Senhor, eu não sou a única!
Parece que infelizmente os gaúchos estão cegos e ainda idolatram este evento como se fosse algo extremamente moda de verdade.
Concordo em tudo, sem tirar nem pôr!
Você escrever muito bem!
Parabéns