16.4.13

MODA NÃO É PARA USAR


a moda é para nos fazer humanos e pensarmos, olharmos o mundo com toques, cores, formas e pontos singulares; com arranjos, bordados, ajustes e caimentos. a moda é para ver, ouvir, falar, discutir. mas a moda, como qualquer produção humana não precisa ser para alienar, para segregar, para emburrecer. quanto mais brincamos com nosso guarda-roupas e colocamos lá uma peça inesperada, que nos obriga a fazer novos arranjos, mais nos forçamos a dispor nosso corpo ao incômodo. e não como fugir dele; se não é a roupa nova, é o trânsito, o prazo do trabalho, a conta para pagar. a vida está aí. a roupa é elemento nela. esquecer da responsabilidade em cada ato, como o do vestir, por exemplo, nos transforma em seres portadores de um egoísmo estéril; sempre empurrando ao outro uma culpa por nossos excessos. no caso do sistema da moda, assim como o conglomerado em questão (das marcas CORI, LUIGI BERTOLI, EMME, dentre outras) é o ator que nos empurra essa falta de pensar no seu processo produtivo e comercial. assim como essa denúncia criativa da Folha, fiz outras e farei outras tantas. mas a mais difícil e, na minha opinião a mais subversiva e dolorosa, é a da nossa escolha para o vestir. se queres luxo alugue uma peça vintage exclusiva ou partilhe com sua prima a jóia da avó; se quer sustentabilidade tinja as roupas gastas; se quer exclusividade compre em brechós. tudo na vida dá trabalho. então arregace as mangas e invente uma forma de responsabilizar menos o outro na sua forma de se vestir. 

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