7.4.17

SÉRIE "HISTÓRIA DE BRECHÓ" vol1 - Casa da Traça

Começa aqui uma série nova: História de Brechó. A proposta é contar a história, motivos, condições que xs donxs de brechós tem para contar. São histórias de vida, necessidades, impasses, desejos, modos de ver o trabalho, a moda, o mercado e também sua própria vida. 

Minha proposta é que possamos conhecer esses sujeitos que vão na constramão da moda. Enquanto a voz de ordem é o consumo higienizado, sem história, memória da cultura de moda, xs donxs desses estabelecimentos, mais ou menos envolvidos nessas questões, tem no seu negócio o maior potencial para moda sustentável: um produto novo aos olhos dx cliente, mas que segue durando no mundo, sem descarte definitivo. 

Com o tempo teceremos articulações, e todas contribuições, comentários: mais depoimentos são bem-vindos. Entender as demandas do setor é uma forma de potenciaizá-lo, tanto nas queixas dxs clientes, mas fundamentalmente na manutenção do desejo dessas pessoas envolvidas no processo. 

O primeiro brechó a me entregar seu depoimento foi o da Babi, a Casa da Traça, ali na Independencia, em Porto Alegre. Ah, começaremos com os locais que conheço, pois gostaria de poder tecer meus próprios comentários, mas aos poucos vamos avançando em outras contribuições pra além dessas fronteiras. 

Segue o depoimento da Babi:


Oi Helena

Segue um pouqinho da história da Casa da Traça.

A Casa da Traça começou de um sonho, mas também da identificação de um nicho de mercado que era deficitário na época, em 2008, na cidade de Novo Hamburgo/RS, juntei pouco dinheiro e muita disposição, e iniciei a loja.

A paixão pelas roupas começou ainda criança,no ateliê de costura de minha mãe, cresci entre tecidos, linhas e revistas Manequim, e quando adolescente descobri um universo alternativo, de bandas, filmes e arte, que me encantou e me fez conhecer os brechós, e o garimpo, ainda para fins pessoais.

Ao sair de um emprego em 2008, com 21 anos, peguei o pequeno FGTS e resolvi criar a Casa da Traça, nunca havia trabalhado no comércio, ou estudado administração e afins, mas a Internet foi uma grande aliada, pesquisei referências, informações burocráticas, marcas, locais de garimpo, entre outras coisas, o que sigo fazendo até hoje, quando sinto necessidade de ampliar os horizontes, expandir o negócio, e buscar novas ideias.

Em 2010 mudei para Porto Alegre, para o ponto atual, e muito já evoluímos desde então, segmentei a loja para o Vintage e ampliei o setor de moda autoral/alternativa, assim atingindo públicos distintos, mas que se complementam. Com as mudanças atuais consegui firmar a loja como um negócio de lucros sólidos, em termos módicos, mas que permite que o sonho continue, sem desmoronar pela falta de grana e planejamento inicial.

Ainda tenho muitos sonhos, muitas ideias, minha cabeça segue fervilhante, e aos poucos vou conseguindo colocar em prática, acabamos de completar 9 anos de loja, ainda somos "infantes" e assim queremos permanecer, com sorrisos e corações abertos, mas com olhos e mentes atentas, para nos mantermos firmes no mercado, sem esquecer do carinho pelas roupas e pelas pessoas que as vestem.

Acho que esta é a Casa da Traça, um negócio, mas repleto de ideologias e sonhos pessoais, tanto de quem a criou quanto de quem passa por aqui.

Bjs e obrigada pela oportunidade.

Babi Andrade




Queria fechar com uma contribuição. Ministrei alguns cursos de extensão sobre brechós e levei algumas turmas lá na Casa da Traça. Todas as vezes que a gurizada chegava lá a Babi dá um jeito de nos receber. Mas não é só dar boa tarde e fique a vontade; ela conta esta história, cada vez com um detalhe vivo, uma história nova que vive no cotidiano da loja. Este espaço é assim, um business sim, pagando o trabalho de sua dona, mas mais do que isso, traduzindo sua vontade de levar tudo isso adiante com atenção e cuidado. 

Eu quem te agradeço Babi. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NoDerivs 3.0 Unported License.